Sete escolas fecharam a segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval 2019. São Clemente, Vila Isabel, União da Ilha, Portela, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade se apresentaram para uma Sapucaí lotada em todos os setores e o público só foi embora no raiar do dia. Dentre elas, Vila Isabel e Mangueira foram os grandes destaques da noite com grandes possibilidades de conquistar vaga no desfile da campeãs do Carnaval do Rio de Janeiro.

Veja o resumo de cada apresentação:

São Clemente

A São Clemente abriu o segundo dia de desfiles criticando geral em uma tentativa de discutir a relação das escolas com o carnaval. Ela reapresentou o enredo “Samba sambou”, que em 1990 deu o sexto lugar à escola no Grupo Especial.

O carnavalesco Jorge Luiz Silveira usou suas 26 alas para falar mal de dirigentes, cambistas, imprensa, os compositores sem talento, a burocracia no carnaval e as rainhas que compram seu cargo.

Os 3100 componentes mandaram a real no desfile inteiro. A comissão de frente, por exemplo, criticou presidentes de escolas que compram e vendem sambistas.

O ponto alto ficou por conta da Comissão de Frente de Junior Scapin onde tinham representados todos os presidentes das agremiações do Especial e o presidente da Liesa, em uma das plenárias que gerou a última virada de mesa, salvando a Grande Rio do rebaixamento para a Série A.

Vila Isabel

A Vila Isabel fez um carnaval luxuoso para contar a história de Petrópolis, desde antes do período imperial até os dias de hoje. Eram carros gigantes e imponentes. O abre-alas impressionou, reproduzindo uma carruagem imperial, com carros três acoplados em 60 metros de comprimento.

A escola passou um minuto além do tempo permitido, em 1h16. Segundo o regulamento, para cada minuto a mais, a escola perde um décimo.

Familiares de Marielle Franco – incluindo a mãe, Marinete, o pai, Antônio, e a irmã, Anielle – apareceram em um carro sobre a abolição da escravidão, junto da imagem de Princesa Isabel, com uma faixa escrita “Marielle presente”.

O ponto alto ficou por conta da terceira alegoria(O Paraíso Coroado), um carro ecologicamente produzido com garrafas pet que jorra 15mil litros de água sob a cabeça do índio representando uma cascata. O carro alegórico demorou 6 meses para ficar pronto e causou grande impacto pela luxuosidade.

Portela

A Portela celebrou Clara Nunes na Sapucaí, homenageando a famosa cantora mineira e portelense, revivida em performance de Emanuelle Araújo.

A carnavalesca Rosa Magalhães, sete vezes campeã, investiu em fantasias unindo Madureira, Minas Gerais e religiosidade africana, temática pouco explorada em sua carreira.

Várias mineirices apareceram, como igrejas de arquitetura barroca no terceiro carro e em alas dedicadas ao passado católico da homenageada.

União da Ilha

A União da Ilha do Governador levou a cultura e os costumes do Ceará à Sapucaí na madrugada com um enredo sobre as obras dos escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar.

Obras como “Iracema”, “O Guarani” e “O sertanejo”, de José de Alencar, e “As três marias”, “O quinze” e “Memorial de Maria Moura” serviram como inspiração direta de fantasias e alegorias.

E comissão de frente misturou tradição com modernidade ao mostrar um cortejo de sertanejos pedindo salvação, até serem abençoados por um Padim Ciço voador – um “milagre” realizado com um ator em cima de um hoverboard.

Paraíso da Tuiuti

Vice-campeã de 2018 com críticas políticas, a Paraíso do Tuiuti voltou ao tema neste ano, e contou a história do Bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza nos anos 1920. Foi o ponto de partida para brincadeiras e relações com a política atual.

O samba foi bem cantado nas arquibancadas, mas a escola teve problema com a evolução. O último carro demorou a andar e algumas partes foram retiradas para ele entrar na avenida. Mas deu para terminar dentro do tempo, em 74 minutos.

Uma ala mostrou a luta entre “o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora”, seguida do carro com o bode dando coice em um animal em forma de tanque de guerra.

Mangueira

A Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.

O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil.

O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala.

Mocidade

A Mocidade Independente de Padre Miguel fez uma reflexão sobre a passagem do tempo no encerramento dos desfiles. O carnavalesco Alexandre Louzada, vencedor com a Mocidade em 2017 com um enredo sobre o Marrocos, construiu uma narrativa baseada nas mitologias e nos mecanismos de contagem do tempo.

A cantora Elza Soares, que será o tema da escola em 2020, foi um dos destaques do carro abre-alas, sobre o deus grego do tempo Cronos e a criação dos astros. Ela representava a estrela maior, que é o símbolo da Mocidade.

A escola celebrou três de seus seis títulos no final de seu desfile, defendendo que as lembranças são a melhor forma de derrotar o tempo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here