Em época de disputas de sambas-enredos nas escolas de samba, a rotina dos intérpretes se transformam. Cada um dando voz e defendendo o samba que representam as parcerias, tem dias em que chegam a cantar em 3 quadras na mesma noite. Através das apresentações, ganham destaques e chegam a conquistar oportunidades de ser o puxador oficial das agremiações.

Um desses nomes é do Igor Vianna. O atual intérprete da Unidos de Bangu vai ser a voz oficial da escola do seu bairro no Carnaval 2020. Ao longo dos seus 18 anos de carreira construído com passagens em escolas do Rio de Janeiro e São Paulo, carrega o talento herdado pelo seu pai Ney Vianna, puxador da Mocidade durante duas décadas, vem ganhando destaque no mundo do samba.

O Carnaval Interativo conversou com o cantor e compositor sobre a correria das disputas de sambas, o retorno à Vermelha e Branca da Zona Oeste e o legado deixado pelo seu pai que ele carrega nos seus 18 anos de carreira.

Carnaval Interativo –  Mesmo após trinta anos de falecimento do seu pai você o tem como referência e aplica na sua carreira?
Igor Vianna – Pego como experiência, principalmente o amor e o compromisso, que ele tinha pela nossa arte. Levar como herança o sobrenome Vianna e o legado que o meu pai deixou, eu uso como motivação para deixar aceso o nosso sobrenome dentro da história do samba.

C.I- Ao longo desses 18 anos, qual foi o momento em que você sentiu a presença do seu pai e que mais te emocionou?
I.V – O carnaval de 2019, onde fez 30 anos que ele desfilou pela última vez e o Carnaval de 2012, pela Tucuruvi onde de novo o sobrenome do meu pai, voltou a desfilar no grupo principal do Carnaval brasileiro.

C.I –  As agremiações aos poucos estão voltando a apostar nas suas “pratas da casa”. Como você lida com essa tendência?
I.V – Vejo como uma nova fase das escolas, tenho a esperança que outras escolas sigam este exemplo.

C.I – Esse ano você está competindo na escola onde seu pai cantou por 2 décadas. A disputa tem um gosto especial pra você, por estar defendendo uma obra no lugar onde o seu pai foi o porta-voz de tantos sambas que marcaram a história do carnaval?
I.V – Não tem explicação, mesmo não sendo a primeira vez. Mas este ano é muito especial.

C.I – Para 2020 você está participando como compositor e puxador em disputas de samba-enredo. Na sua opinião, o que faz uma parceria ser campeã?
I.V – Acho que tudo vem da união das parcerias e das condições que as escolas dão para as disputas acontecerem. As escolas vem dando atenção total a todas as parcerias que colocaram samba e daí vem o sucesso não só das parcerias que faço parte, mas sim, de todas as disputas que estão acontecendo.

C.I – A temporada de disputas de sambas-enredos tem uma rotina desgastante para os puxadores e ao mesmo tempo serve de vitrine para quem busca um lugar nos carros de som, além da parte financeira. Você já pensou em alguma vez não cantar em disputas?
I.V. – Por mais cansativo que seja cantar em mais de uma escola por noite acaba se tornando prazeroso. Não só pela parte financeira, mas sim pela adrenalina ocasionada, dá um ânimo a mais, pra que possamos subir ao palco e dar o nosso melhor. Depois em casa a gente deixa o cansaço nos pegar.

C.I- Em 2014 você esteve na Unidos de Bangu mas não deu continuidade ao trabalho e agora está de volta a agremiação. Como você vê essa nova fase?
I.V – Em 2014 outros caminhos me levaram a não terminar a minha parceria com a Bangu. Mas graças à Deus e aos Orixás fizeram com que os nossos caminhos voltassem a se encontrar e essa nova oportunidade está sendo agarrada com unhas e dentes.

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