Quem nunca se arrepiou com o som da sirene ou até mesmo sentiu aquele friozinho na barriga, repleto de ansiedade ao pisar na avenida? E quando lá do fundinho você escuta o samba de exaltação da sua escola? Haja coração!

Hoje, primeiro dia de desfiles do Carnaval 2020, a equipe do Carnaval Interativo abre espaço para sambistas cariocas que contam suas experiências, lembranças importâncias e a ansiedade pré-desfile, relembrando também o primeiro desfile pela famosa passarela do samba.

Com vocês… o eterno Rei Momo Wilson Neto

Wilson Neto vem de uma família tradicionalmente carnavalesca, torcedor da azul e branca de Vila Isabel, já foi tetracampeão na corte do carnaval do Rio de Janeiro nos anos de 2014, 2015, 2016 e 2019. Sua história começa com o bloco criado em casa. “As panelas viravam tamborins, as maiores, bumbo, e as vassouras, estandartes para porta-bandeira. O samba está na minha veia desde muito cedo”, comenta.

Foto: Arquivo Pessoal

Com muita energia, maestria e gingado o eterno Rei Momo da folia carioca, teve o primeiro contato com o samba, aos 8 anos, em um encontro com a falecida Dinorá – fundadora, ao lado do Mestre Trambique, da Escola Mirim da Herdeiros da Vila. “Fiquei muito empolgado em me encontrar com ela, estava muito entusiasmado porque eu era louco pelo carnaval e sambava muito nas quadras”.

Mediante a oportunidade de pisar no solo sagrado do samba, Wilson botou a cara no seu sonho, recebendo o convite para o desfile, onde representaria um dos maiores nomes da liderança negra: Zumbi dos Palmares.

Chegando oficialmente no dia do desfile, Wilson conta que ainda hoje sempre rola aquele nervosismo, tensão e ansiedade. Em seu início, os desfiles mirins aconteciam na sexta-feira de carnaval e as lembranças ainda são presentes… “Virando o carro no setor 1, quando eu entrei o público foi ao delírio, gritavam muito e eu não entendia o que estava acontecendo, minha mãe só dizia continua, continua se referindo ao samba. Foi uma emoção indescritível, eu tinha que levantar a lança representando a guerra do zumbi, que mostrava a representatividade do negro, mostrar que nós lutamos até nos dias de hoje por esse espaço e eu não tinha dimensão e nem maturidade para entender e esse assunto, mas ainda assim sabia que era importante”.

E assim aconteceu o pontapé inicial na trajetória do Rei, apaixonado pela azul e branca de Noel que logo na sequência passou pela Unidos da Tijuca, sob o comando do enredo de Vasco da Gama e mais uma vez a emoção tomou conta do sambista.

Ela vem lá de Ramos… segurando a coroa, Simone Drummond

Dando continuidade as experiências que o carnaval deixou para nossos sambistas, corremos para uma sambista que já possui uma coroa que vem lá de ramos, ela que é considerada Rainha pela sua simpatia e por muito amor pela verde e branco, filha de uma das grandes personalidades do samba Sr. Luiz Drummond, Simone Drummond, nos conta um pouquinho do que aconteceu em sua primeira experiência na folia.

Foto: Arquivo Pessoal

Simone diz que sua primeira experiência foi junto com virada da Imperatriz Leopoldinense, no Carnaval de 1980, desenvolvido por Arlindo Rodrigues. Um enredo totalmente dedicado aos sambistas, intitulado de “O que é que a Bahia tem”, onde ela foi consagrada. “Eu ainda era criança, desfilando na Ala das Crianças, pude viver toda esta emoção, e ver a nossa escola campeã pela primeira vez, justamente no meu primeiro desfile, foi algo incrível”.

Na época, seu pai já era responsável pela gestão da agremiação de Ramos e muito otimista. “Na pior das hipóteses, sou pé quente! Foi um desfile emblemático é maravilhoso, pois era a estreia do Arlindo Rodrigues em nossa escola, tínhamos um samba espetacular, composto e cantado pelo querido Dominguinhos do Estácio. Ficamos no empate com a Beija-Flor e a Portela, mas até hoje, nosso samba é dos mais cantados daquele ano”, ressaltou com orgulho a rainha de ramos.

Simone também aproveita para destacar um dos momentos mais importantes dentro da Marquês de Sapucaí. “Na sequência deste desfile, nossa escola foi bicampeã em 1981, justamente em meu segundo desfile, com o enredo que iremos reeditar este ano. Espero que os Deuses do Samba estejam ao nosso lado”.

Girando… Amanda Poblete

Dentro dessas experiência, nós também buscamos conversar com uma porta bandeira que já possuí várias experiências pela passarela do samba, apesar da pouca idade. Com passagens por agremiações como Renascer de Jacarepaguá, Vila Isabel, São Clemente, atualmente Amanda Poblete faz parte do time da Unidos do Viradouro. 

Foto: Carlos Papacena

Afinal, qual menina nunca teve um sonho de bailar em grande estilo na Marquês de Sapucaí? Amanda Poblete conta um pouco de suas experiência embarcando nas ondas de um bailado pela passarela do samba. “Bom, meu primeiro desfile foi em 2010 pelo GRES Sereno de Campo Grande, como 2ª PB. A escola estava no grupo B, seria a primeira vez que estava pisando na Sapucaí com o pavilhão de uma escola de samba. No ano anterior, havia desfilado com o Projeto do Mestre Manoel Dionísio. Senti todas as emoções ao mesmo tempo! Graças a Deus foi um desfile maravilhoso, ao lado do Vinícius Antunes. Vim representando a lona do circo, uma fantasia linda e super colorida! Foi ali que decidi que queria sentir esse misto de emoções todos os anos que Deus permitisse!”  

Com vocês, Mestre Fafá

E nosso último convidado ele vem lá da Baixada Fluminense, oriundo da escola mirim Pimpolhos da Grande Rio, ele que foi um dos grandes destaque no Carnaval de 2019 da sua atual escola Tricolor. Mestre Fafá nos conta que seu primeiro desfile foi em 2005 pela bateria da sua atual escola. Na época, o mestre de bateria em atuação, era um dos grandes ícones do quesito, Mestre Odilon.

Foto: Reprodução Facebook

“Meu primeiro desfile foi algo um pouco intenso porque queria que tudo desse certo então estava ligado em todos os pontos da escola, desde a bateria até o que estava acontecendo nos carros. Eu sou uma pessoa que por ser Grande Rio e amar a escola, vivo isso intensamente, eu sou uma pessoa que sofre muito (risos). Quando eu virei a esquerda entrei na Sapucaí e olhei para trás, vi tudo iluminado, eu disse ‘meu Deus’, fiquei pouco assustado mas pedi a Nossa Senhora Aparecida e disse vamos em frente. Foi uma emoção incrível! Senti algo muito bom desde ensaio técnico daquele ano. A sensação é de que não ouço mais nada além da bateria e sempre focava nisso, as pessoas falavam comigo e não ouvia. A cada paradinha que na época fazíamos, a alegria dos ritmistas e alegria do povo que estava ali, era algo incrível. Foi uma experiência que vou levar para o resto da minha vida. Sou um cara de superstição eu entrei com pé direito e deu tudo certo”.

Com muita fé em nossa senhora Aparecida, Mestre Fafá pretende em entrar com pé direito em 2020 novamente. Muita fé para que bons frutos sejam colhidos!

(Texto: Bruno Nascimento)


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