A azul-e-branco de Madureira, dona de 22 títulos do carnaval carioca, será a segunda escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial. A Portela vai apresentar o enredo “Igi Osè Baobá”, de autoria dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. A história e retratar a simbologia dos baobás, árvores gigantescas e milenares originárias da África. A mudança da Portela fica por trazer o coreógrafo Manoel Francisco para assumir a Comissão de Frente pela primeira vez.

Confira a ficha técnica da Portela para o Carnaval 2022:

Presidente:Luis Carlos Magalhães
(Presidente de Honra: Monarco)
Carnavalescos:Renato Lage e Márcia Lage
Direção de Carnaval:Comissão de Carnaval (Claudinho Portela, Júnior Escafura e Higor Machado)
Direção Geral de Harmonia:Comissão de Harmonia (Chopp, Leonardo Brandão, Nilce Fran, Márcio Emerson, Jorge Barbosa, Servolo Alves e Valter Moura)
Intérprete:Gilsinho
Comissão de Frente:Manoel Francisco
Mestre de Bateria:Nilo Sérgio
Rainha de Bateria:Bianca Monteiro
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:Marlon Lamar e Lucinha Nobre
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:Yuri Souza e Camylla Nascimento

Confira a logo e a sinopse do enredo da Portela para o Carnaval 2022:

Portela 2022: samba da parceria de Wanderley Monteiro - Carnavalesco

Pilar que une o céu e a terra!
Elo entre vivos e mortos.
Deus vivo e presente, és tu ó Baobá,
árvore sagrada testemunha do tempo.

O guerreiro de Oyó contempla Igi Osé.
Ele sente a energia. Evoca proteção com afeto e respeito.
O tronco é seu templo, e ali expressa sua religiosidade.

Saluba Nanã! Mãe de todos nós.
Tuas águas abundantes repousam no tronco do Baobá, nutrindo a terra.
Por ti os galhos se vestem de ojás lilás.

Orixás e vegetal estão unidos na energia sagrada…
Salve o Rei Dono da Terra! Omulu, curai-nos de todos os males que assolam nosso Aiyê!

Árvore da vida, ó Baobá.
Tu emanas a energia primeva que no solo africano faz eclodir a natureza. É ela que sopra o vento da savana, e faz teus galhos balançarem.
A fauna passeia livremente ao seu redor, e tudo se doura sob a luz do Sol.
Teus frutos, folhas e sementes são alimentos e remédios para os seres vivos.
Tu és mãe que sacia nossa sede e fome.
Sob tua copa, oferece generosa e benfazeja sombra em meio à aridez das regiões onde impera.
Tuas raízes representam os ancestrais de nossas comunidades,
aconselham-nos e ajudam-nos a seguir com coragem e decisão.

Em Ajudá, o Rei Guezo nos fez esquecer…
Voltas e voltas em torno de ti para apagar toda nossa devoção, nossas lembranças, torná-la “Árvore do Esquecimento”.
Portal do Não Retorno jamais conseguiu.

Fizemos de teu tronco, aparentemente tombado, a balsa que atravessou oceanos para nos levar rumo ao desconhecido. E assim tuas raízes uniram dois mundos. Tua força multiplicada ganhou novo significado em terras distantes.

Baobá, Árvore da Resistência!
Todos os solos pisados por pés africanos, sob a poeira da resiliência, fez com que a cultura negra semeasse pelas Américas, germinando um Novo Mundo e a representação de sua fé. E se algum desalento nos toca, ao olhar para teu esplendor, nos conectamos em seus firmes troncos com nossa herança, e nos revitalizamos com a energia de nossos antepassados.

Fincamos em tuas raízes profundas valores e crenças que nenhum preconceito é capaz de fazê-los tombar. E no solo rochoso da discriminação, elas encontraram fendas para ir mais além, penetrando mais profundamente no solo, até, finalmente, encontrar a esperança.

E assim o tempo passou. Ora calmo, ora agitado como o vento a balançar tuas folhas… E sob o Arco-íris de Oxumaré, tudo tornou-se menos sombrio.

Nos quilombos, favelas ou periferias, teus “rebentos” brotaram como galhos distintos que se estenderam por toda América, expressando a identidade preservada da terra de seus ancestrais, a África. No Brasil, os frutos nasceram em forma de Maracatu, Maculelê, Tambor de Crioula, Caxambu, Jongo, Funk e tantas outras manifestações afro-brasileiras, assim como o Samba.

Nas franjas da Região Central do Rio de Janeiro, espraiando-se por áreas alagadiças, floresceu a Pequena África. Da Pedra do Sal à mítica Praça Onze, nos morros e subúrbios, os herdeiros do “Berço do Mundo” comungaram sentimentos, compartilharam seu passado comum e criaram as escolas de samba.

Nossos fundadores são nossos antepassados. Os velhas guardas, os guardiões de nossas memórias. As baianas, a herança das antigas festas, profanas e sagradas. Ao som do batuque da bateria, o suor dos passistas verte nossa ancestralidade. E até hoje, sempre que os sambistas se unem de mãos dadas, sentem reverberar em suas almas a energia primordial unindo a África e o Brasil, como bons filhos da diáspora que todos somos. O samba respira como um velho Baobá.

Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage

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