Vai renascer a esperança, a confiança me guiar assim….

E assim começamos a entrevista com Leonardo Rodrigues Bessa, um dos grandes intérpretes do carnaval carioca. Nascido e criado na cidade do Rio de Janeiro, compositor, produtor musical e sambista.

Passo a Passo

Cria do samba, Bessa – como é conhecido, seguiu os passos de sua mãe, Dona Mirthes, que sempre teve um laço com o pavilhão vermelho e branco do Salgueiro. Seu primeiro contato com a magia carnavalesca foi em 1980, na quadra da Portela, quando ganhou de presente um tamborim por meio do Mestre Mug. A partir daquele momento, seus passos na batucada ganharam força.

Em 1986 recebeu o convite para conhecer a Escola de Samba Mirim Alegria da Passarela. Sua mãe era amiga do antigo presidente Osmar Valença e lá começou sua trajetória, contribuindo dentro do carro de som ao lado de Dudu Nobre, Roger Linhares e Anderson Leonardo.

“As cores do meu coração começaram no azul e rumaram para o vermelho. Essa foi a minha primeira etapa”, comenta. Dentro das oportunidades, ele ainda cita que: “Foi uma emoção muito grande pisar pela primeira vez na Sapucaí, no carnaval de 1987, com a Alegria da Passarela e lembro do primeiro samba que pude cantar, foi da São Clemente, Capitães de Asfalto e anos depois tive a oportunidade de ser interprete da escola”, explica.

Mediante a isso, o intérprete ressalta ter sido um aprendizado muito grande, visto que antigamente as crianças participavam muito mais dos carnavais.

Dentro dos barracões, Leonardo também participou de forma ativa. Cortou e colou adereços para o carnaval, registrando um dos momentos mais marcantes de sua trajetória: produzir fantasias para o Aprendizes do Salgueiro – escola mirim que ajudou a fundar, ao lado de sua mãe.

Carreira

Bessa tem o nome registrado em diversas agremiações como Beija Flor, Grande Rio, Caprichosos de Pilares e União da Ilha. O pontapé inicial foi na escola Arranco do Engenho de Dentro, em 2004. “O Arranco é uma escola que eu tenho um carinho enorme” e um 2006 teve a oportunidade de assumir a São Clemente. Após ficar 8 anos afastado do Salgueiro, retornou em 2009 para a escola vermelho e branca como intérprete de apoio.

Atravessando fronteiras, ele também passou pela Ilha do Marduque, no Rio Grande do Sul, onde foi bicampeão em 2018 e 2019. Teve a oportunidade de trabalhar com Carnaval de Manaus, Alegrete, Florianópolis, Porto Alegre, Guaiba, e pela Acadêmicos do Tucuruvi, em São Paulo. “A rotatividade é grande, e eu fico feliz de alguma forma estar contribuindo para o carnaval, sempre trabalhando com muita honestidade, verdade e muito coração naquilo que eu faço, ninguém chega a tanto tempo de estrada sem merecimento. São mais de 15 anos como intérprete”.

Em 2011, Bessa passou a ser o intérprete oficial do Salgueiro fazendo um trio ao lado de Quinho e Serginho do Porto. “Foi a realização de um sonho ser intérprete oficial da sua escola do coração, principalmente ao lado daqueles que eu considero ídolos do carnaval. Eles possuem uma bagagem extensa e eu ali que estava apenas começando. Foi muito bom e emocionante!”, relembra.

Oportunidade de Renascer em família

Apesar de toda a experiência acumulada, Leonardo ficou durante um ano sem participar como intérprete no Carnaval do Rio de Janeiro, marcando presença na passarela apenas como comentarista e produzindo CD das agremiações da Série A. Por sua vez, na terra da garoa já comandava o microfone da Acadêmicos do Tucuruvi.

Em 2019, após o desfile da Estação Primeira de Mangueira no sábado das campeãs, logo ao amanhecer, Bessa aproveitou para olhar os Arcos da Sapucaí e o sol que estava aparecendo por lá para dizer: “Chegou a hora, ano que vem estarei de volta”. Em 2020, a surpresa chegou. “Foi uma alegria muito grande, porque temos aí uma renovação no carnaval que acaba sendo saudável. Apesar dessa caminhada que já tenho no carnaval eu ainda tenho muitas coisas para realizar como intérprete e sou muito grato pela oportunidade. Estou feliz e a escola me recebeu com muito carinho, me senti abraçado, respeitado e não tem dinheiro que pague esse momento que também vai ter o meu filho como meu apoio”.

Mais do que o retorno à Marques de Sapucaí, em 2020 Bessa desfila ao lado de seu filho, Luan Lima Rodrigues, que já trilha os passos na folia. Em 2008, Leonardo não conseguiu levá-lo em sua estreia na São Clemente, mas carregava na voz todo o seu amor, entoando “Papai te ama muito”. “Anos depois ter a oportunidade de levar Luan junto comigo vai ser uma emoção. É por mérito! Já que ele hoje é interprete da Aprendizes do Salgueiro. Sinto como se fosse passar o meu legado!”, diz.

“Será uma honra estar no carro de som junto com meu pai. Já passaram grandes nomes dentro da escola e fui ganhando meu espaço. Tive que provar que merecia. Sempre tive apoio para realizar os meus sonhos, está no meu sangue desde pequeno onde comecei na Aprendizes do Salgueiro, com referência da minha mãe como ritmista, da minha avó como presidenta e meu pai como intérprete. Tenho meu pai e o Tinga como referências, sempre tive o pensamento que devemos começar debaixo, sou grato porque adquiri muita experiência da escola mirim assim como meu pai e o sentimento que vou levar para avenida é alegria, felicidade de um sonho que é estrear oficialmente no carnaval”, comenta Luan.

Oportunidade da juventude no samba

Leonardo também defende a proposta de dar oportunidade para jovens talentos no samba. “As escolas de samba precisam valorizar as suas bases, dar condições de criar novos talentos para que não precise ficar buscando em outros escolas. O nome já diz, escola, então precisa formar ou criar novos talentos. O carnaval precisa se renovar, ninguém pode ocupar o cargo para sempre, devemos abrir espaço para os novos talentos serem visto e mostrarem seu trabalho. Quando resolver parar com certeza estarei em alguma função para dar a apoio e valorizar essa causa e tentando trazer esses jovens para o carnaval e pode criar novos talentos”.

“Que os jovens tenham consciência de ter no seu coração as tradições, o respeitos por tudo que foi feito para chegar onde está. O carnaval jamais vai morrer porque temos aí muitas pessoas para serem descobertas”.

(Texto: Bruno Nascimento/Fotos: Arquivo Pessoal)

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