Carnavalesco autor do desfile sobre Bibi Ferreira faz homenagem à atriz

0
438

O carnavalesco Mauro Quintaes, que desenvolveu o desfile em homenagem à Bibi Ferreira, escreveu um texto sobre a atriz que morreu na tarde desta quarta-feira, dia 13, aos 96 anos.

Mauro começou lembrando sobre seu desejo de fazer um enredo sobre a diva do teatro brasileiro que estava em seu apartamento no Rio de Janeiro. Ela estava em casa, acompanhada por uma enfermeira, que percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e, por isso, chamou um médico. Segundo a filha da artista, Tina Ferreira, ela morreu dormindo. Confira o texto:

“Fazer um enredo sobre Bibi Ferreira era um sonho pretensioso. Criar fantasias e alegorias sobre um mito da arte brasileira era um desafio antigo, acalentado ao lado do amigo e empresário Nilson Raman. A Viradouro era a bandeira ideal para essa empreitada. A ideia foi prontamente abraçada pela escola, na pessoa de José Carlos Monassa. Com os dirigentes convencidos, chegou o dia de conversar pessoalmente com ela. E senti que o peso de recontar a trajetória de uma diva ímpar se tornou em algo leve, pela simplicidade e energia que ela emanava no papo presencial. Uma artista do gabarito dela ser trazida em triunfo pelas vozes da cultura popular era das poucas glórias de uma intensa carreira que ela ainda não tinha experimentado. Estavam ali em Bibi todas as referências da arte de Dionísio, mas com um toque de brasilidade único. Não foi difícil construir a sinopse, realizada com esmero por João Gustavo Melo. Tivemos uma safra avassaladora e o samba mais emocionante de todos, de autoria de Gusttavo Clarão, Rubinho e parceiros, venceu numa noite memorável na quadra do Barreto. O barracão correu na mais perfeita tranquilidade, e resolvi colocar Bibi ao lado da escultura do pai, o grande Procópio Ferreira, numa mediúnica obra de isopor e sensibilidade feita pela artista Andrea Vieira. O desfile foi mágico, com contratempos e consagrações típicas de um grande espetáculo. Saímos aclamados. Voltamos no sábado seguinte, com chuva na Avenida. Bibi pegou seu guarda-chuva e desfilou novamente em glória. A apoteose de uma diva que reuniu toda uma comunidade em torno de um canto único.

Bibi hoje foi viver ao lado de Procópio o seu mais brilhante papel: o de filha amorosa e terna. Viveu como o pai: sob a ribalta e sob aplausos. Agora a estrela sobe aos céus para receber eternamente o rufo de bateria que o mestre Ciça inventou. Fica a nossa homenagem a todas as Bibis que hoje se foram. Bravo, Bibi!

“O teatro consagrou
E pede passagem
A Viradouro meu amor
Faz a homenagem…”

Em 2003, a Viradouro caprichou na homenagem a Bibi Ferreira e fez um dos melhores desfiles daquele ano. A homenageada desfilou no último carro chamado “O legado de Procópio Ferreira” em homenagem ao ator, que era o pai de Bibi. A diva estava maravilhosamente fantasiada e foi às lágrimas ao descer do carro após o desfile. Uma homenagem belíssima e inesquecível. Confira o desfile:

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here