O Carnaval da Série A permanece sob os cuidados da Lierj

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Após a crise que vinha se estendendo desde o encerramento dos desfiles de 2019 – que ocasionou o racha no Grupo de Acesso e resultou no lançamento da Liga-RJ – a pergunta que todos queriam saber é: qual entidade será a responsável pela Série A?

Em meio a este cenário de disputa pela responsabilidade de gestão das 14 escolas do grupo que antecede à elite do carnaval carioca, os sambistas aguardaram apreensivos para saber quais serão os próximos acontecimentos a partir de 2020 e tudo indica que a administração será mantida pela Lierj. Desde a sua fundação em 2013, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro passou a ter seus desfiles em dois dias, com transmissão da Rede Globo para o estado do Rio e boa presença de público na Sapucaí que não acontecia nos tempos em que a divisão era comandada por entidades como a Associação das Escolas de Samba e a desativada Lesga (Liga das Escolas do Grupo de Acesso). Isso, sem contar do sucesso de venda dos CD’s e da coerência nos resultados na apuração nestes últimos 7 anos.

Confira o texto emitido pela Lierj em sua página oficial:

A Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro reitera ser, desde maio de 2012, a única entidade responsável por organizar os desfiles da Série A, realizados na sexta-feira e no sábado de Carnaval, no Sambódromo carioca. Sendo assim, a diretoria da Lierj, democraticamente eleita pelas agremiações e representantes, não reconhece qualquer movimento isolado que visa puramente chamar a atenção, sem qualquer argumentação coerente que justifique eventuais rompimentos.

Vale ressaltar que não são poucos os tópicos irracionais que ditam a criação do que seria uma nova Liga, batizada de maneira bastante “criativa” como “Liga-RJ”. Os autoproclamados dirigentes, que não possuem legitimidade para tomar nenhuma decisão em prol do grupo, confundem de forma maldosa os objetos de acusação, direcionando questionamentos para quem está totalmente em dia com as obrigações que regem o estatuto, fato comprovado pelo poder público e pelos apoiadores, que jamais aportariam recursos caso tivesse ocorrido qualquer tipo de dúvida ou irregularidade ao longo de sete carnavais de enorme sucesso de crítica e público. Os próprios “líderes” de tal movimento oposicionista têm total ciência da normalidade da situação, uma vez que, ao longo de todos os anos em que fizeram parte da entidade, jamais protocolaram nenhuma queixa ou pedidos de esclarecimento, o que deixa mais do que claro tratar-se, agora, de ações puramente aproveitadoras para corresponder ao desejo de uma minoria de chegar ao poder e, assim, atender a vontades individuais a qualquer custo.

Infelizmente, o mesmo compromisso com a seriedade que sempre guiou a administração da Lierj não pôde ser observado em outras entidades, cujos atos obscuros deixaram os grupos de acesso do Rio de Janeiro à beira do declínio. Indaga-se, por exemplo, a localização da prestação de contas e de diversos documentos esclarecedores dos anos em que a Lesga dirigiu os até então grupos de acesso A e B. A antiga Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso tinha como presidente, durante todo o período, o Sr. Reginaldo Gomes, também presidente da Inocentes de Belford Roxo, e foi extinta em 2012 após uma série de denúncias sobre irregularidades que seguem até hoje sem respostas.

Além disso, não é de se estranhar no grupo que seria “dissidente” a presença de pessoas com cargos e ligações publicamente estreitas, simultaneamente, com a Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil e com agremiações que foram campeãs da Série B nos últimos quatro anos de maneira totalmente contestável. O próprio presidente da Liesb, Gustavo Barros, chegou a frequentar reuniões plenárias na Lierj como representante de escola recém-promovida do grupo que administra. Tais ações só corroboram a desconfiança crescente de sambistas, foliões, influenciadores digitais e jornalistas especializados com os grupos da Intendente Magalhães, uma vez que não é raro ver desfiles irretocáveis e premiados serem sumariamente rebaixados, em vez de ocuparem posições condizentes com o que apresentaram.

Ao contrário do que preza a ética, o bom senso e, principalmente, o respeito com os profissionais e desfilantes que tanto se doam ao Carnaval, a Liga supracitada não demonstra qualquer interesse em ser transparente, uma vez que a formação do corpo de jurados e o respectivo desenvolvimento do julgamento é cercado por mistérios. Não há qualquer registro na mídia ou na Internet que esclareça os respectivos nomes e critérios utilizados para avaliações, assim como a maneira em que foram designados a cada módulo, para onde as notas são levadas após o término dos desfiles, como são transportadas até a apuração e, principalmente, os motivos que levaram a cada pontuação, através de justificativas escritas. Essas situações colocam em xeque, por exemplo, a ascensão de escolas tidas nos bastidores como pertencentes a um mesmo dono, como G.R.E.S. Unidos de Bangu, G.R.E.S. Acadêmicos do Sossego, G.R.E.S. Unidos da Ponte e G.R.E.S. Acadêmicos de Vigário Geral, cuja desconfiança é ainda mais enfática, com diversas agremiações da Série B vindo procurar a Lierj para relatar fatos estarrecedores. Sendo assim, a filiação do Vigário Geral não será aceita até que sejam feitos os devidos esclarecimentos.

Nunca é demais recordar, ainda, que dirigentes dessas duas instituições, Lesga e Liesb, antes de liderarem a criação da ilegítima “Liga-RJ”, já tinham tentado chegar ao poder de maneira irregular na própria Lierj, tentando convocar assembleias em desacordo com o estatuto. Tal convocação foi invalidada pela Justiça, que determinou uma multa no valor de R$ 500 mil, sob pena de prisão, em caso de descumprimento. O grupo, liderado pelo presidente do Conselho Deliberativo da Liesb, que também é dirigente do G.R.E.S. Unidos de Bangu e das demais escolas oriundas da Série B nos últimos anos, chegou a recorrer, recebendo novamente parecer desfavorável. Na decisão, o desembargador Pedro Saraiva de Andrade Lemos ressalta que “a alegação de que o Sr. Sandro Avelar seria procurador dotado de poderes para transigir por dez agremiações associadas não restou minimamente comprovado pelo agravante”.

Por fim, causa surpresa a composição de eventual vice-presidência pelo Sr. Fabio Montibelo, uma vez que é também presidente do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra e já havia enfatizado repetidas vezes em entrevistas que não ocuparia qualquer cargo em Liga por considerar tal fato “imoral”. O caso é ainda mais peculiar na medida em que o dirigente quer mandar ao lado do Sr. Wallace Palhares, presidente do G.R.E.S. Acadêmicos do Sossego durante todo o período em que a escola esteve na Série A e que nem no grupo estaria atualmente por ter sido rebaixada em 2018, como a última colocada, tendo permanecido no grupo apenas pela piedade das coirmãs.

Em síntese, a Lierj realça o compromisso com os sambistas e com as agremiações para seguir realizando o trabalho honesto e competente que tanto gerou frutos e consolidou a Série A como um verdadeiro sucesso, fato ratificado pela opinião pública e pelos parceiros que conquistou ao longo dos anos, como a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), a TV Globo e tantos outros que voltaram a acreditar em um grupo de acesso após várias décadas. A entidade garante que seguirá agindo conforme a ética e a transparência, sempre respeitando a lei e o Estatuto Social, e que tomará as providências cabíveis contra qualquer tipo de ofensa, tentativas baratas de desestabilização e acusações infundadas. A diretoria da entidade segue com total tranquilidade, pois sabe que o sambista não é bobo e sabe avaliar todos os fatos com inteligência, em vez de cair em contos ou historinhas.

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