Chegou a hora! Na próxima quinta-feira, dia 24, sairá a decisão da Liga Independente das Escolas de Samba(Liesa) em relação a realização do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro no ano que vem. O presidente da liga, Jorge Castanheira decidiu aguardar até a data da reunião de setembro sobre a posição das autoridades e a evolução científica na busca por medicamento ou desenvolvimento da vacina. “Cancelamento, adiamento e se vai haver condição de fazer algum movimento em função da falta de vacina ou se vai ter vacina, tudo isso a gente vai conversar no dia 24”, adiantou Castanheira durante a entrevista coletiva na reunião de julho(14).

Agremiações e Blocos Carnavalescos se posicionam e dizem que não desfilarão sem vacina em 2021

Em audiência pública promovida pela Comissão Especial de Carnaval da Câmara na última sexta-feira, dia 18, representantes de entidades carnavalescas foram enfáticos na não realização dos cortejos sem a existência da vacina contra o Covid-19 e reivindicaram soluções para a festa de 2021.

“Sem vacina é inviável fazer qualquer carnaval. Hoje as escolas do Grupo Especial estão voltadas para a saúde dos seus profissionais e componentes. O governo municipal não tem um pingo de respeito pela cultura do carnaval. O carnaval emprega milhões de pessoas e essa administração não oferece qualquer apoio. Antes de qualquer debate, falta respeito. Só a Liesa, em vendas de ingresso, devolve mais de R$ 1 milhão de ISS, isso é imposto. “, defendeu Fernando Fernandes, presidente da Unidos de Vila Isabel, que exigiu maior respeito da administração do prefeito Marcelo Crivella com o carnaval.

Bruno Teté, diretor social da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), que representa as escolas da Série A, disse que sua liga pretende seguir o posicionamento da Liesa, que é quem tem o contrato de cessão do Sambódromo. Ele defendeu a realização do carnaval em outra data, quando tiver a vacina. Segundo Bruno, a principal preocupação das agremiações é com a sobrevivência dos seus trabalhadores e componentes: “Não pensamos no desfile agora, mas nos que estão sem recursos para sobreviver. Essa é a nossa preocupação agora. Saúde em primeiro lugar, mas o combate à fome não pode sair do nosso pensamento.”

Moacyr Barreto, representante da Estação Primeira de Mangueira, reclamou das dificuldades enfrentadas pelas agremiações para manter suas contas em dia e honrar os pagamentos dos trabalhadores. Ele disse que todas as soluções apontadas até agora, como o auxilio emergencial, são individuais e cobrou soluções instituições para as agremiações: “As escolas estão sem recursos para honrar seus compromissos. Os funcionários estão sem comida na mesa. Não vi nenhuma ação do poder público para ajudar as instituições carnavalescas. O carnaval não é uma varinha de condão para acontecer num passe de mágica. As escolas necessitam de soluções institucionais. As agremiações são responsáveis por inúmeros trabalhadores. Não estamos vendo nada do poder público nesse sentido. Como fazer essa máquina girar? Acontecer o carnaval vai, um dia. É importante que seja um belo espetáculo. A Riotur está aguardando a Liesa? Ora mas é uma instituição que cuida de um aspecto do carnaval, um evento privado. E o restante? E os blocos? Quais ações serão feitas?”, indagou. ”

Os representantes dos blocos de rua, também se mostraram contrários à realização dos desfiles enquanto não houver uma vacina contra a Covid-19 e também cobraram ajuda do Poder Público.

“Não faremos carnaval oficialmente na data, porque entendemos que a pandemia não acabou. Não contem conosco, porque não colocaremos o bloco na rua”, afirmou Rita Fernandes, presidente da Liga Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro, a Sebastiana. Esse foi o mesmo posicionamento apresentado por representantes de outras ligas e bloco, como: Márcia Rossi, do Carnafolia; Daniela Freitas, do Coreto; e Valéria Wrigt, da Liga Sambare.

Riotur ainda não tem posicionamento sobre o Carnaval 2021

Ao ser questionado pelos participantes da audiência pública virtual, o diretor de operações da Riotur, Marcelo Veríssimo, admitiu que o órgão ainda não tem nenhum posicionamento sobre a realização dos desfiles do ano que vem. Primeiro, ele disse que aguardava uma decisão da Liesa. Diante de reclamação de representantes de blocos que o carnaval não se resume à Sapucaí, ele argumentou que a prefeitura dependia também de outras opiniões, como as do comitê científico que tem orientado o município na tomada de decisões sobre a flexibilização das atividades na cidade.

“Ninguém aqui está querendo tapar o sol com a peneira, a verdade é essa. O desejo de todos é que tenha carnaval. Estamos aguardando, sim, alguns posicionamentos. Uns dizem que a curva (de contágio) está descendo outros dizem que está subindo. A gente aqui, como Riotur, está observando. Não estamos omissos. Estamos aguardando as pesquisas, a vacina, que é o que a gente mais quer, mas não tem ainda um posicionamento correto sobre a data do carnação. Não tenho no momento uma colocação a fazer.”, admitiu Veríssimo.

Na falta de uma proposta concreta da Riotur, seja para ajudar as escolas de samba e os trabalhadores do carnaval ou sobre uma definição dos desfiles, o vereador Tarcísio Motta apresentou duas ideias: Uma delas é a abertura de um edital de premiação que possa contribuir para a sobrevivência das escolas e seus operários. A outra é de realização de uma nova audiência em 5 de novembro, com o marco de 100 dias do carnaval pelo calendário oficial, para discutir um plano emergencial para 2021.

Carnaval no Brasil: Panorama da festa nas outras cidades

Assim como no Rio, o adiamento do Carnaval também está sendo discutido pelas prefeituras de outras capitais, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Recife.

Em Salvador, o prefeito ACM Neto (DEM) já anunciou que as festividades na capital baiana só acontecerão caso exista um plano nacional de imunização contra a covid-19 até o mês de novembro.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse que há 80% de chances de o Carnaval no Estado ser adiado em 2021, e declarou que é preciso analisar “conjuntamente com os outros governadores” a viabilidade de uma possível nova data para todo o país.

A Belotur (Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte) informou que ainda não há nenhuma decisão sobre o carnaval de 2021, e que todos os esforços do Executivo, neste momento, são no sentido de combater a pandemia da covid-19. Márcio Eustáquio Antunes, presidente da Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais (Liemg), afirmou que, sem a existência de uma vacina, não haveria condições sanitárias para se realizar a festa em fevereiro ou março. Além disso, ainda por conta da pandemia, as escolas de samba da capital mineira nem chegaram a planejar os desfiles do ano que vem.

A Prefeitura de São Paulo decidiu adiar o carnaval de rua e os desfiles das escolas de samba de 2021, mas a nova data ainda não foi definida. A Liga das Escolas de Samba de São Paulo (LigaSP) propõe que a festa seja realizada a partir do final de maio ou começo de julho, em data ainda a definir.

Em Recife e Olinda a decisão só vai ser tomada no final de novembro, depois das eleições municipais. As equipes das duas prefeituras teriam tomado a decisão em conjunto, em um acordo que contou com a participação do Governo do Estado.

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