O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou, nesta última quinta-feira, dia 24, os programas de governo dos candidatos/as a Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Com o marco inicial da campanha eleitoral no último domingo, dia 27, o site Carnaval Interativo apurou as propostas dos 14 postulantes ao cargo municipal e apenas 5 trouxeram referências ao carnaval.

Até o fechamento desta reportagem, os candidatos Benedita da Silva (PT), Luiz Lima (PSL), Martha Rocha (PDT), Renata Santos (PSOL) e Glória Heloiza (PSC) inseriram o carnaval em seus planos de governo. No entanto, Bandeira de Mello (REDE), Fred Luz (NOVO), Henrique Simonard (PCO) e Suêd Haidar (PMB) não lembraram do setor que movimenta mais de R$3 bi na economia da cidade em apenas 4 dias, com mais de um milhão e meio de turistas curtindo os blocos e os desfiles das escolas de samba fomentando a ocupação da rede hoteleira em mais de 90% durante o período carnavalesco, além de gerar milhares de empregos em diferentes profissões durante o ano inteiro.

Vale ressaltar que o concorrente Eduardo Paes (DEM) publicou uma lista com 12 “Objetivos Centrais” da versão preliminar do seu programa. Até o momento não houve uma menção sobre os festejos e caso seja citado será inserido na reportagem assim que for divulgado. O programa de governo dos candidatos Clarissa Garotinho (PROS), Cyro Garcia (PSTU), Paulo Messina (MDB) ainda não estão disponíveis no site da Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do TSE.

O candidato à reeleição Marcelo Crivella (REPUBLICANOS) teve a sua candidatura impugnada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) devido ao recente processo no TRE-RJ, onde foi condenado unanimemente por abuso do poder político (art. 22, XIV, da LC n. 64/90) e por conduta vedada (art. 73, I e III, da Lei n,. 9.504/97), mais especificamente por ter usado veículos oficiais da COMLURB e reunido funcionários da Companhia em evento político realizado na quadra da Escola de Samba Estácio de Sá, em 13.09.18, para pedir votos para seu filho, Marcelo Hodge Crivella, então candidato ao cargo de Deputado Federal, e para o também candidato Alessandro Costa, postulante a uma das vagas em disputa para a Assembleia Legislativa.

Para acessar os programas de todos os concorrentes e ler na íntegra é só clicar aqui.

Benedita da Silva: desenvolvimento de eventos durante o ano todo para geração de empregos

A candidata Benedita da Silva (PT) mencionou a festa e as escolas de samba em dois momentos na proposta. Primeiro, no caderno Por Uma Cidade Inclusiva, Democrática e Solidária, no eixo Por Uma Cidade Antirracista(página 10), propôs criar políticas públicas de parceria com os fazedores da cultura carioca, notadamente as Escolas de Samba, as rodas de samba, o Teatro, o cinema, e todas as manifestações culturais da periferia com presença da comunidade negra. Já no caderno de Turismo(página 41) fez críticas à obsessão do governo Crivella em “destruir a maior de nossas festas, o Carnaval” e propôs organizar calendário anual de eventos alinhado com os períodos de baixa ocupação hoteleira criando condições para melhorar ocupação hoteleira; e utilizar o tema Carnaval para desenvolver eventos durante todo o ano gerando emprego para o conjunto de profissionais e artistas que vivem dessa indústria.

Delegada Martha Rocha: combate a precarização do trabalho nos barracões e retorno da subvenção às escolas de samba

Com um projeto bem desenvolvido, colocando a manifestação cultural como um dos principais pilares da cidade para o aumento de arrecadação de impostos após a crise econômica devido a pandemia do coronavírus, a proposta de governo da candidata Delegada Martha Rocha (PDT) tem uma Plataforma Trabalhista Para o Carnaval(páginas: 70 a 73) que discute desde o combate a precarização do trabalho nos barracões até o retorno da subvenção – o programa assume o compromisso de retomada do apoio financeiro às escolas. O programa, que está anexado ao caderno de Cultura, enfatiza a relação intimamente do PDT com a história recente do carnaval recorrendo a construção do Sambódromo, realizada durante o governo Leonel Brizola/Darcy Ribeiro. Em sua campanha, Martha reconhece a importância econômica da festa no âmbito geral e defende que a manifestação pode ser muito mais bem explorado do que é atualmente citando como exemplos a valorização dos desfiles da Intendente Magalhães, melhor utilização da Cidade do Samba e o desenvolvimento de uma política permanente, de Estado, para o carnaval do Rio, que não esteja sujeita às vicissitudes da política municipal.

Dos 14 itens de propostas os que se se destacam são a aproximação do mundo do samba à Rede Municipal de Educação como forma de estimular o ensino de história da África e da cultura afro-brasileira nas escolas; a consolidação de um Circuito de Carnaval: um roteiro permanente pela cidade disponível durante todo o ano que envolva a valorização da memória do carnaval e o contato permanente com as escolas do Samba e a Cidade do Samba, tornando-se uma referência para o turismo cultural com eventos no período de meio de ano; e a construção da Cidade do Samba 2, através de parcerias com o setor privado e mediante estudo de viabilidade econômica, para abrigar as Escolas do Grupo de Acesso.

Luiz Lima: diálogo do Carnaval com outros setores

O Carnaval tem uma página específica no programa de governo do candidato Luiz Lima (PSL). Anexado no caderno de Turismo (página 46) -além de interagir com outros setores como Comércio e Serviços, Cultura e Esportes – a proposta possui 12 itens com as principais demandas dos trabalhadores e foliões que foram retiradas nos últimos 4 anos. Mesmo com as descrições dos projetos não aprofundadas em detalhes, alguns pontos se destacam como a construção de um restaurante temático que funcione dentro do Sambódromo; o apoio financeiro às escolas de samba, contemplando contrapartidas culturais e sociais, por parte das agremiações, para o recebimento de incentivos e verbas públicas: projetos sociais nas quadras, cursos de capacitação artística nos barracões; e a inclusão dos sambas-enredo e dos enredos, apresentando a cultura do carnaval carioca nas escolas da rede municipal de ensino.

Renata Souza: Carnaval democrático e transparente

Inserido na pasta da Cultura (páginas: 109 a 114), o plano de governo da candidata Renata Souza (PSOL) tem 49 itens que propõe instituir um Plano Municipal de Democratização do Carnaval. A maioria dos itens citados apareceram em candidaturas anteriores do partido ou nos relatórios da Câmara e tem como ponto de partida a criação da Subsecretaria Municipal de Carnaval, assumindo a organização do desfile das escolas de samba (Conselho Municipal do Carnaval de Avenida) e do carnaval de rua (Conselho Municipal do Carnaval de Rua). O documento trata desde assuntos como a reforma do Sambódromo à construção da Cidade do Samba 2, passando pela segurança das alegorias à volta dos ensaios técnicos e até de melhores condições de trabalho para os jornalistas. Destaques ficam para o ‘dedo na ferida’ em relação à transparência na venda de ingressos organizada pela Liesa e Lierj, no contrato com empresas que porventura forem contratadas para a realização do carnaval na Avenida Intendente Magalhães e o fim da exclusividade na transmissão televisiva, com a garantia de que os canais educativos possam transmitir sem pagar pelos direitos.

Glória Heloiza: Repasse da administração do Sambódromo para o Estado e apoio à festa

Já a candidata Glória Heloiza (PSC) cita o Carnaval em seu programa de governo no caderno da Cultura (página 22) onde dará o fim à guerra entre Prefeitura do Rio e escolas de samba dando apoio necessário para a promoção da festa e repassando a administração do Sambódromo para o Estado do Rio de Janeiro.

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