Por: Aline Lima

Toda história de uma escola de samba é fundamentada pela sua Velha Guarda. É o segmento composto pelos integrantes mais antigos e eles têm o compromisso de transmitir conhecimento aos mais novos, mantendo viva as tradições da cultura carnavalesca. São eles os “guardiões” da identidade das agremiações e para aceitar novos membros na ala cada escola adota seu critério, mas no geral, os requisitos básicos levam em conta os anos de dedicação ao grêmio recreativo.

Em geral, participam dos desfiles em uma ala que fecha o cortejo e seus membros mais simbólicos geralmente estão em posição de honra no último carro alegórico ou no abre-alas. Sempre bem cuidados pelas diretorias, estão muito bem vestidos e portam uma elegância nas apresentações.

Quem pisa ou já pisou no solo sagrado de uma escola de samba sabe da importância em reverenciar aos mais velhos que construíram o legado que hoje é exportado como a maior representatividade da cultura popular brasileira. Foram eles que sofreram na pele o preconceito, a marginalização e discriminação por ser sambista para que hoje, muitos possam usufruir dos holofotes que o maior espetáculo da Terra oferece para todos, até mesmo para quem ousa desrespeitá-los.

O ato de desrespeitar uma agremiação vai além da competição foliã. As escolas de samba não funcionam exclusivamente para os desfiles, são instrumentos de educação, saúde, esporte, cultura e lazer para uma população menos assistida pelo poder público. É fonte de renda e de oportunidade para a população pobre e preta poder transformar suas vidas através da cultura. É desestimar os saberes ancestrais em torno do pavilhão e seus quilombos.

Infelizmente não foi a primeira e não será a última vez que as escolas de samba e seus componentes sofrerão com o desrespeito, principalmente daqueles que um dia já usufruíram da visibilidade que o Carnaval lhe deu, e hoje deveriam ser rechaçados ao solicitar suas credenciais para ter acesso à pista do Sambódromo. As agremiações não são motivo de piadas, sobretudo aqueles que construíram o passado resistindo toda forma de opressão e merecem ser reverenciados pela história construída.

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