Mostrando a contribuição de negros e negros na formação do Brasil, a Escola de Samba Tom Maior traz para o sambódromo do Anhembi em 2020 o enredo “É Coisa da Preto”. Em um ano em que representatividade e equidade são temáticas com grande destaque no país, a presidente Luciana Silva explica ao Carnaval Interativo, o formato a ser trabalhado para que o desfile aborde tanto as questões questões culturais e o processo de transição do africano para o afro-brasileiro de forma leve e interativa.

Imagem: Thiago Calil | Tom Maior

“A Tom Maior vai fazer uma grande exaltação à negritude, aos heróis da nossa história que romperam qualquer crença de que os negros são menos capazes ou algo do gênero. A gente começa pela visão mais comum, enaltecendo talentos de artistas, cantores, jogadores de futebol. Mas vamos além. Mostraremos negros que se destacaram pelo intelectual, como Machado de Assis, que a história tentou “embranquecer”. Negros que romperam a estrutura imposta pela sociedade e quebraram paradigmas, como Tia Ciata, Mano Brow, Madame Satã… E fechamos reverenciando os heróis negros da nossa história, como Luís Gama, grande lutador pelo fim da escravidão no país, e Elza Soares, que representa o empoderamento feminino negro. As pessoas vão se reconhecer nesses personagens, nesses heróis. A ideia é que todo mundo se sinta representado no desfile, se reconheça na avenida”, comenta.

A cada ano o carnaval paulistano torna-se ainda mais nivelado, não permitindo assim grandes erros ou falhas. Em menos de dois carnavais, a vermelha e amarela, tradicionalmente do Sumaré, saiu do 4º lugar para a 12ª posição, contabilizando uma diferença de oito colocações. Luciana cita a nivelação dos desfiles e chama atenção para fatores que levaram o resultado de 2019. “O carnaval hoje não admite erros. As escolas, em geral, perdem para elas mesmas. Nós cometemos falhas na avenida no ano passado e elas nos deixaram em uma posição bem diferente daquela que planejávamos. Nós mexemos em alguns departamentos da escola, fizemos tanto mudanças internas quanto trouxemos gente de fora para reforçar a equipe. Porque, na prática, não adiantava ficar sentado lamentando o passado. E pode ter certeza que a gente vai desfilar esse ano com ainda mais garra, mais vontade de conquistar nossos objetivos”, destaca.

Imagem: Thiago Calil | Tom Maior

Faltando menos de 40 dias para o desfile oficial, a presidente também explica que para o cronograma de barracão houve o estabelecimento de uma meta de finalizar o trabalho em janeiro, deixando fevereiro apenas para cuidar de detalhes ou ajustes que forem necessários, além de passar um pente fino. “Felizmente as nossas expectativas estão se cumprindo. Claro que nunca é totalmente tranquilo. Mas estamos com mais de 90% do trabalho concluído”, garante.

“Tenho certeza que as pessoas vão se identificar com pelo menos alguma parte do desfile. A gente quer que o público se sinta representado de verdade. Afinal, estamos falando da nossa história. Temos um grande samba, uma poesia incrível, forte, que emociona as pessoas, e estamos preparando um desfile na mesma linha. Porque isso é coisa de preto. Vai ser um grande carnaval”, finaliza a presidente.

A Tom Maior será a segunda escola a pisar no Sambódromo do Anhembi na sexta-feira de Carnaval, dia 21 de fevereiro.

(Texto: Caroline Ferreira)


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