Fevereiro ou março, não importa a época, o Brasil é literalmente tomado pela folia do carnaval. Muita brincadeira, diversão, confete, serpentina, notas, quesitos e assim por diante. Para muitos, o país do carnaval se torna o país da falta de empatia e respeito. Pelas ruas, homens e mulheres, se caracterizando especialmente de mulheres negras, para que assim, possam dar risada.

A prática não está atrelada somente ao fato de pintar a pele

O blackface tem no mínimo 200 anos e não se trata de teatro, arte ou homenagem, muito menos uma crítica teatral. É racismo, racismo no teatro. Mas se racismo é crime e teatro é arte, ambos não podem andar de mãos dadas. Correto?

Segundo a história, a ação teve início por volta de 1830, em Nova York, como uma técnica de maquiagem teatral, na qual pessoas brancas pintavam-se de negras para imitá-las de forma caricata, ou seja, o blackface tem em sua raiz a ridicularização de pessoas negras para o entretenimento.

A prática foi muito utilizada por comediantes que debochavam da negritude de forma exagerada e tiravam risos do público, justamente em uma época em que negros não possuíam autorização para subir nos palcos para atuar. Papéis que exigiam aparência negra, africana ou asiática, por exemplo, eram desempenhados por brancos.

Conforme os movimentos antirracistas foram ganhando espaço, a prática passou a vista como algo vergonhoso, racista e lamentável. Na segunda metade do século XX, caiu em desuso, transformando-se em um instrumento em combate ao racismo, não impedindo, porém, que fosse usada algumas pessoas.

O retorno e o uso do blackface, representam, no mínimo, mais um retrocesso trágico. Ele renova o preconceito, é opressor e fica longe de qualquer forma de humor ou homenagem. É mecanismo de discriminação. As linhas entre a arte, o racismo, o humor e o carnaval são tênues.

(Texto: Caroline Ferreira/Foto: Reprodução BBC)


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