O coronavírus serviu como referência para o enredo da Unidos do Viradouro para o Carnaval 2021. A atual campeã do Grupo Especial anunciou nesta quinta-feira, dia 23, que o próximo desfile será uma releitura do Carnaval carioca de 1919, conhecido como o maior (ou o mais louco) do século passado – quando os cariocas foram para a rua comemorar e extravasar a folia contida por outra pandemia, da chamada gripe espanhola. O Carnaval daquela ano parecia a redenção do encontro dos vivos que brindavam por terem sido sobreviventes àquela pandemia que teve mais de 35 mil mortes causadas pelo vírus.

Carnaval de 1919 – considerado um do maiores e mais loucos da história, após a população ter sofrido com a pandemia da gripe amarela, o povo celebrava como se fosse o reencontro dos sobreviventes.


Intitulado “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”, os carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon se inspiraram a partir da leitura do livro “O carnaval da guerra e da gripe”, do escritor e jornalista Ruy Castro. O título do enredo é um verso de uma marchinha cantada em nas ruas e em clubes, como o Democráticos – uma das grande instituições localizada no centro da cidade, onde a turma bebia e cantava até não poder mais.

“Não há tristeza que possa/ Suportar tanta alegria./ Quem não morreu da espanhola,/ Quem dela pôde escapar/ Não dá mais tratos à bola/ Toca a rir, toca a brincar…”, falava uma das inúmeras marchinhas.

-Buscamos mais uma vez um tema inédito e vamos abordar como a sociedade carioca soube se desvencilhar da tristeza do ano de 1918. A cidade viveu o carnaval de 19 como se fosse o último. Foi uma grande festa. Historicamente, revelaremos dados e contribuições esquecidas das grandes instituições carnavalescas da época – revela Marcus.

Tarcísio Zanon destaca o sentimento de esperança como um dos principais trunfos do enredo.

– Em tempos atuais, nosso olhar se voltou para um momento histórico que evocasse a esperança aos brasileiros. Aquele carnaval foi uma virada de página para a sociedade carioca. Vamos reviver a euforia nostálgica de um povo que sabe como ninguém transformar a tristeza em alegria – revela Tarcísio.

O presidente Marcelinho Calil ressalta a importância cultural do tema escolhido.

– Normalmente, a escola anuncia o enredo no Dia de São Jorge e resolvemos manter isso. A escolha do tema se deu principalmente pelo conteúdo cultural, que é muito forte, com muito embasamento. E é exatamente o que estávamos buscando: aliar história à cultura. Aposto que teremos mais um desfile marcado pela emoção como o do último carnaval.

O dirigente acrescentou que o próximo desfile não é a única prioridade da escola neste momento.

– Continuamos fazendo o que está dentro no nosso alcance pra ajudar as pessoas. Vamos pensar no próximo desfile, mas sempre focados no momento atual. E de forma alguma, os integrantes da nossa equipe deixarão o isolamento e serão expostos por conta dos preparativos para o desfile – assegura Marcelinho Calil.

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