“Liberdade, pelo amor de Deus
Liberdade a este céu azul
É minha terra, orgulho meu
Porto da Pedra canta a África do Sul.”

O desfile da Unidos do Porto da Pedra abriu a segunda noite de apresentações do Grupo Especial em 2007 contando um pouco da história, da cultura e das riquezas da África do Sul e prestou uma homenagem ao Leão da democracia, Nelson Mandela. O país marcado na história da humanidade pelo regime do Apartheid e sobretudo a coragem, a vida intensa dedicada a liberdade de uma pessoa que ficou condenada por mais de 20 anos prisão. Tudo isso junto, deu uma grande visibilidade a Vermelho e Branco de São Gonçalo e mais uma vez o carnaval prestou serviço à sociedade mostrando o que foi a segregação racial e a luta pela liberdade.

O oportuno enredo “Preto e Branco, a Cores” assinado pelo carnavalesco Milton Cunha comparou a situação do país sul-africano com o racismo que existe no Brasil. Trouxe os primeiros setores em preto e branco representando o período segregador e outros coloridos simbolizando a nova África do Sul com a união das raças. As favelas brasileiras também foram lembradas no terceiro ato com a alegoria “Caveirão da Injustiça”, que representava o reflexo do cotidiano das periferias sul-africanas na década de 80, e nas brasileiras até os dias de hoje, com um carro blindado que atirava nos negros.


“Caveirão da injustiça, filho da segregação” é uma alegoria que representa o Mellow Yellow, veículo que matou milhares de sul-africanos, principalmente na década de 80, em Pretória e Soweto, e trouxe policiais agressivos apontando as armas e fazendo caretas, como rostos assustadores, pintados de branco, para os foliões do Sambódromo. O carro é semelhante ao caveirão usado pela polícia do Rio Janeiro e foi muito criticado na África do Sul por causa das mortes que causou, simbolizadas na alegoria da escola pelos crânios de caveiras e foices.

O samba-enredo, considerado um dos mais bonitos daquele ano, funcionou na voz de Luizinho Andanças e a Bateria Ritmo Feroz contou com a direção luxuosa do saudoso Mestre Louro – infelizmente este foi seu último desfile completo – com um andamento acelerado, mas com muitas ousadias.  A escola terminou em 10º lugar na classificação geral com 391,2 pontos.

PARA SABER MAIS SOBRE O APARTHEID E A VIDA DE MANDELA

LONGA CAMINHADA ATÉ A LIBERDADE – De Nelson Mandela

Existem dezenas e dezenas de livros sobre o apartheid, sobre Mandela, biografias de pessoas que acompanharam a sua trajetória, etc e tal. Mas não há nada melhor do que a autobiografia, escrita pelo líder africano(em grande parte nos 27 anos que esteve preso em Robben Island). Mandela conta sua infância e juventude, os anos em cárcere e sua ascensão política depois da queda do apartheid. Para além da história, o estilo de escrita de Mandela é cativante e engraçado. O livro “Longa Caminhada Até A Liberdade” foi adaptado para o cinema, dando origem ao longa homônimo em 2013.

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