Foto: Fernando Grilli | Riotur

A primeira semana de 2022 foi marcada por debates sobre o cancelamento/adiamento do Carnaval do Rio de Janeiro devido ao aumento do número de casos de covid-19. O assunto veio à tona após o prefeito do município, Eduardo Paes, anunciar o cancelamento do Carnaval de Rua na cidade e garantir o desfile das escolas de samba na Sapucaí e na Intendente Magalhães com controle de público e exigência do passaporte de vacinação. Tal decisão abriu espaço para manifestações de alguns parlamentares, os vereadores Tainá de Paula(PT) e Tarcísio Motta(PSOL), sendo o atual presidente da Comissão Especial do Carnaval na Câmara, e membros do Comitê Científico do Rio de Janeiro, entre eles, o epidemiologista e fundador do bloco “Simpatia É Quase Amor”, Roberto Medronho, que defendem a não realização do evento no Sambódromo.

Em meios aos discursos de oposição ao desfile das escolas de samba, foi evocada a rivalidade entre o Carnaval de Rua e o Carnaval de Avenida. Rotularam os desfiles como elitistas – pelo motivo do evento cobrar ingressos – ignorando toda a atuação das agremiações na contribuição da formação da cultura popular brasileira ao longo da história e atacaram com a afirmação de que o Carnaval de Rua sim, é verdadeiro.

O site Carnaval Interativo, enquanto veículo de Comunicação, que atua desde 2013 informando durante o ano inteiro sobre as agremiações e blocos carnavalescos, repudia às falácias sobre as escolas de samba serem espaços elitistas. É de total desconhecimento e desrespeito com uma das maiores instituições de formação sociocultural do país. Quem pensa no Carnaval como manifestações culturais dualistas, onde um é verdadeiro e o outro é elitista, além de propagar o erro, contribui para o preconceito ideológico com a expressão cultural generalizada.

O Carnaval é uma celebração coletiva de reavivamento, fortalecendo pertencimentos e o prazer de levar a vida em comum, em companhia dos outros. A festa brasileira faz parte da formação identitária do país como também é um dos acontecimentos mais aguardados do ano como forma de entreter e informar através da arte e tornou-se reconhecido no mundo inteiro. E quando o debate público se leva para este viés dos discursos contrários, coloca-se o festejo que vai acontecer daqui a dois meses em xeque, principalmente por ter inúmeros eventos que já estão em atividade em todo o Estado, mas a culpa do aumento dos casos de contágio da variante Ômicron, da influenza e de convid-19 é do Carnaval, em específico, das escolas de samba.

É totalmente justificável e correta a preocupação com a segurança sanitária no carnaval, o que não tem lógica é a tentativa de desqualificá-lo, ignorando seus múltiplos sentidos e sua importância para a nossa formação. Desde o início da pandemia as escolas de samba usaram do bom senso e pararam com suas atividades e só voltaram de acordo com as normas orientadas pela Vigilância Sanitária, mas sabemos que o real motivo vai além e torna-se um jogo político, aliás, amantes, componentes e torcedores de escolas de samba, estamos em ano de eleição. Comecem desde já a observar quais políticos estão se posicionando contra o Carnaval pra que, em outubro não caia na “conversa do ‘Pega no Ganzê’ novamente”.

Lamentável este pensamento que o desfile das escolas de samba é momento de descontração e melhora da economia. Ele é além! É emprego, cultura, forma relações sociais, educação, informação e etc. É uma cadeia produtiva responsável por movimentar cerca de R$3 bilhões na cidade, com arrecadação de R$180 milhões de impostos. Gera mais de 30 mil empregos formais diretamente ligados à festa, que no momento mais crítico da pandemia, foram as agremiações que estenderam as mãos para estes trabalhadores terem seu sustento através de ações sociais para suas comunidades e mesmo assim, continuam a olhar com desprezo pra a nossa cultura.

Mas ao invés de desvalorizar o desfile, por que não buscam soluções para os trabalhadores terem condições de vivência e sobrevivência? Falem com a classe operária que vocês vão entender o tamanho da importância que o carnaval tem na vida da nossa gente e da nossa cidade.

Sambistas, vacinem-se! Defendam as agremiações. É nosso compromisso com a nossa cultura, com os nossos valores e com todos aqueles que trabalham pra manter vivo o desfile das escolas de samba. Sigamos juntos e fortes!

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