Seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro, Mayara Santos é um nome que vem ganhando destaque a cada dia e dentro da arte do samba no pé, tornou-se referência para muitos.

Superação talvez um dos melhores substantivos para definir a sua trajetória no carnaval. Foco, determinação e perseverança completam os quesitos da paulistana de 31 anos, empreendedora e torcedora da Escola de Samba Vai Vai.

A passista começou a sua carreira com apenas cinco anos. Criada no berço do samba, teve na bagagem pais coreógrafos, diretores de carnaval e a irmã como porta-bandeira. Os primeiros passos tiveram início aos sete anos como passista do Morro da Casa Verde, onde permaneceu até os 13. Após a oportunidade de ser coroada como Miss Simpatia, também conseguiu espaço como ritmista e chefe de agogô.

Buscando trilhar e firmar ainda mais os seus passos dentro do samba paulistano, a jovem que já era envolvida com arte, realizando trabalhos com dança, teatro e atuação como modelo, resolveu participar da corte do carnaval da Unidos de Vila Maria, consagrando-se como Princesa Juvenil. Em 2004, retornou à agremiação que faz o seu coração pulsar de alegria: Vai Vai. Passou então a integrar a ala de passistas, ala afro e a faixa de Rainha Juvenil da Bateria Mirim. Ainda dentro de sua trajetória, teve passagem no Grupo Miscigenação da Mocidade Alegria, realizando shows de passistas.

Atravessando novos horizontes, em 2007 conquistou o espaço em outros partes do mundo, como China, Turquia, Rússia, Angola, Dubai, retornando em 2013 às origens. No ano seguinte, concorreu à eleição mais cobiçada do Carnaval: o concurso da corte. Mayara foi eleita 1ª princesa, representando a Rosas de Ouro, escola em que foi musa em 2016.

Foto: Arquivo Pessoal

Um via de mão dupla: da depressão ao sucesso

Em 2015, após trilhar um belíssimo caminho, colhendo frutos únicos, Mayara entrou em depressão por problemas pessoais. Em consequência, ganhou 15 quilos. A partir daquele momento as oportunidades antes existentes começaram a sumir do mapa.

Como uma fênix, renascendo da cinzas, a jovem enxergou na arte a chance de recomeçar. “Eu me olhava no espelho e não me enxergava, não sabia o que fazer dentro do problema que estava passando. Tive a ideia de jogar nas redes sociais um workshop para 20 pessoas, para a minha surpresa em menos de uma hora já não tinha mais vaga”, comenta Mayara que também contou com todo o apoio da sobrinha.

Foto: Arquivo Pessoal

Mediante ao projeto experimental que passou a dar certo, surgiu o nome Samba Fitness – que hoje se caracteriza com aulas frequentes, em grupo, particulares, com a oportunidade de se realizar em congressos nacionais e internacionais. “Dentro do Samba Fitness grandes nomes foram lançados, principalmente as crianças que hoje são pioneiras na divulgação do meu trabalho”, explica ao Carnaval Interativo.

Levando os passos para muitos que desejam aprender e adquirir habilidades dentro do samba, Mayara comenta que ser referência para as pessoas era algo que nunca passou pelos seus pensamentos. “Acredito muito no poder do sonho e quando as pessoas me procuraram para ajudá-los, eu me coloco de corpo e alma. Sempre disposta ajudar, a conquistar os seus objetivos dentro da aprendizagem. Todo esse trabalho que hoje as pessoas conseguem enxergam, não foi algo planejado ou desejado, eu apenas queria ver o samba no pé das pessoas. Da mesma forma que eu amo a arte do samba no pé, eu queria que as pessoas conseguissem transmitir esse mesmo amor para outras. Hoje acredito que não consigo viver sem o poder transformar outros talentos”, destaca.

Foto: @ivkate_photo

“Toda vez que penso em cair novamente, sempre lembro de todas as coisas que construí, todas as coisas que fiz e o que tenho como objetivo fazer. Não pretendo ser a melhor do mundo, apenas quero deixar o meu legado, e de alguma forma deixar algo de bom na vida das pessoas”.

O novo formato das alas de passistas

Diante das diversas mudanças dentro das alas de passistas, a veterana diz que o foco é não deixar as coisas se perderem. “Ter coreografia em alguns momentos são dois pesos e duas medidas, sempre prezo o tradicional, pois acredito que se deu certo até ontem, podemos continuar e também entendo que com profissionais capacitados isso ajuda na evolução, sincronismo e na organização dentro da avenida e na quadra, causando um grande impacto visual. A personalidade é de cada um, porém com samba no pé livre. Ambos estilos me agradam, mas devemos sempre manter e reforçar a importância de continuar com tradição dentro dos nossos trabalhos”.

Finalizando a entrevista, Mayara ainda ressalta a importância do aprendizado com a frase de Nelson Mandela. “Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável e tudo parece impossível até que seja feito”, finaliza.

(Texto: Bruno Nascimento / Capa: @ivkate_photo)

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