Se o carnaval é um movimento de resistência, a Mocidade vem fazendo o seu papel. Após cancelar seus ensaios de rua, a agremiação emitiu uma nota oficial na noite desta quarta, dia 28, comunicando que não estará presente na tradicional festa de lançamento do CD do Grupo Especial para o Carnaval 2019, que acontecerá na próxima segunda-feira, dia 03. Segue a nota:

“A Mocidade Independente de Padre Miguel informa que não participará da festa de lançamento do CD do Grupo Especial 2019, na próxima segunda-feira, dia 03 de dezembro. A direção da agremiação julga incoerente integrar festejos mediante tamanha indefinição sobre o repasse de verbas da Prefeitura do Rio de Janeiro para o próximo desfile. Até o presente momento, não nos foi confirmado o aporte, assim como a UBER informou à LIESA que não tem interesse em patrocinar o próximo carnaval. Em virtude do atraso na assinatura do contrato da Riotur com a LIESA, as agremiações ainda não  receberam nada referente à venda de ingressos, comprometendo todo o cronograma financeiro previamente traçado. A Mocidade coloca-se ao lado dos funcionários e colaboradores que lhe prestam serviços, e neste momento passam dificuldades para prover o sustento de suas famílias. Confirmamos o cancelamento do ensaio de rua do próximo domingo, 02 de dezembro, Dia Nacional do Samba.”

Os trabalhos no seu barracão na Cidade do Samba também foram cancelados. Foi fixado um comunicado no portão informando que o local se manterá fechado “em virtude da indefinição relativa ao repasse de verbas por parte da prefeitura”. Segundo a escola, o ato “visa protestar contra a calamitosa situação que compromete os desfiles do Carnaval 2019”. A Mocidade lembra que a Prefeitura do Rio prometeu repassar a verba até o dia 12 de novembro, porém o acordo não foi cumprido e até o momento, não houve justificativa para o atraso.

“Uber não quer ter a sua imagem associada ao Carnaval.”, dispara vice-presidente, Rodrigo Pacheco

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A noite de quarta(28) foi de plenária na Liesa, porém não trouxeram boas notícias. De acordo com o dirigente, foi de conhecimento público que a Uber não irá mais patrocinar o Carnaval carioca em 2019. A empresa de transporte privado urbano sinalizado a Riotur que repassaria os R$500 mil para cada agremiação, conforme aconteceu no ano passado. Porém o motivo pela sua desistência se deve a prisão do ex-presidente da Mangueira e deputado estadual Chiquinho (foi preso pela Polícia Federal no dia 8 de novembro, na Operação Furna da Onça).

Confira o relato na íntegra:

“Bem, vamos lá…

Reativando meu Facebook para falar com aqueles que tenho o verdadeiro compromisso: membros e torcedores da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Eu tenho todo um planejamento a ser executado para o Carnaval 2019, montado sempre com base no calendário anterior com algumas ressalvas, já contando com imprevistos.

Quando não se cumpre uma rotina de repasses de verbas torna-se impossível a execução de um projeto.

Hoje não temos as duas informações básicas que são os pilares de qualquer programação orçamentária: “Quanto vou receber?” e “Quando vou receber?”.

Um ensaio de rua, por exemplo, custa aproximadamente 10 mil reais por data, custos que envolvem aluguel de caminhão de som, segurança, equipamentos de rádio e logística do ensaio. Sendo assim, fica inviável manter os custos, uma vez que a Escola já não recebe repasses há quase 3 meses.

Acabei de sair com Marquinho Marino da plenária da Liesa, onde não obtivemos nenhuma previsão de repasse da Prefeitura que ainda nem assinou o contrato com as escolas, bem como foi colocado a desistência da UBER que não quer mais associar sua imagem ao Carnaval.

Diante de todo esse cenário ruim, não vejo motivos para confraternização através de uma festa de lançamento de CD, onde se gasta um valor considerável o que torna a nossa mensagem incoerente diante do poder público.

Sendo assim, a Mocidade estará ausente do lançamento, pois acredita não haver fundamento na realização de uma festa para alguns, enquanto os profissionais e colaboradores do carnaval estão passando por dificuldades.

Se esforços assim fossem empenhados na realização dos ensaios técnicos por exemplo, eu estaria de acordo, pois seria uma festa para todos e um momento em que o povo manifestaria a cultura do samba.

Conto com a compreensão e apoio de todos os independentes apaixonados.

Deixo claro que continuo buscando novos caminhos e replanejando a Mocidade em busca de um carnaval campeão.”

Com isso, as escolas de samba receberão os repasses da Rede Globo, das vendas de ingressos e da Prefeitura (sem contar aquelas que conseguiram patrocínio) para a realização dos seus desfiles.

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