Faltando alguns dias para o grande espetáculo, a equipe do Carnaval Interativo foi em busca das majestades que conduzem, com tamanha honra, os pavilhões de uma comunidade repleta de amor e história. Eles que sustentam com leveza, alegria e fantasias que relembram a nobreza, muitas das vezes com toque especial de plumas e faisões.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira tem a responsabilidade de conduzir ao longo do desfile, o pavilhão de sua escola – um dos símbolos principais de uma comunidade. Para muitos casais as atividades para o próximo carnaval já retornam logo após a escolha do enredo e hoje contamos um pouco de como anda as rotinas de alguns casais da Série A do Rio de Janeiro.

Império da Tijuca

A dupla fará sua estréia no carnaval de 2020, mas se engana quem pensa que eles não possuem experiência. Renan Oliveira que já vai para seu segundo ano consecutivo representando a comunidade do morro da formiga vai conduzir o pavilhão ao lado de sua dama Laís Lucia que levará para a Marquês de Sapucaí, a responsabilidade de mostrar um novo trabalho, gabaritando as notas e tirando aplausos dentro da avenida.

Foto: Arquivo Pessoal

O casal que começou os ensaios cedo para garantir grandes surpresas para o desfile, vê a oportunidade de realizar um grande espetáculo, em parceria com a coreógrafa Ana Paula, que já teve grandes passagens no Salgueiro, Mangueira e Unidos de Padre Miguel.

Sabendo da grande importância de possuir um preparador físico ou até mesmo um coreógrafo para orientar o trabalho que é realizado dentro da dança, Ana Paula explica que: “Quando um casal entende o seu papel na escola, no carnaval e perante a comunidade que ele representa, ele já tem um sucesso. Um casal de sucesso que tenha responsabilidade, resiliência, dedicação e respeito com sua profissão é um casal de sucesso”.

O casal do morro da formiga tem intensificado seus ensaios até mesmo debaixo de chuva. “No primeiro momento fiquei apreensiva, chovia demais, incomodava a visão e misturado ao peso da fantasia molhada, abria um espaço para o medo chegar. Me concentrei, me ponderei sobre a possibilidade de passar por isso no desfile e encarei como um teste. Logo que começamos a dançar, a alegria tomou o lugar do medo. E sentir o apoio dos torcedores que aplaudiam, deu força para seguir em frente e fazermos um bom ensaio mesmo com essa adversidade”, comenta Laís.

Já o seu companheiro Renan, comenta que a dinâmica dos ensaios. “Os nossos ensaios tem sido divido em três etapas. Primeiro é a limpeza dos movimentos e construção coreográfica, que tem sido em locais fechados para manter a surpresa”. A última parte dos ensaios, é realizada em parceria com a Comissão de Frente e os ensaios de rua.

A Império da Tijuca será a 7ª escola a desfilar na Marquês de Sapucaí com o enredo: “Quimeras de um eterno aprendiz”, desenvolvido pelo carnavalesco Guilherme Estevão.

Porto da Pedra

A dupla formada por Rodrigo Franca e Cíntia Santos completa 13 anos de parceria em 2020, indo para o terceiro ano como defensores do primeiro pavilhão do Tigre de São Gonçalo.

Cíntia explica que o próximo desfile representa fortes responsabilidades para aqueles que são apaixonados pela agremiação. Em 2020 eles seguem acompanhados pelo coreógrafo Bonifácio Junior, um dos mais conceituados dentro do quesito. “Nossos treinos começaram em agosto. Com o tempo, os treinos passam a ficar mais intenso e temos a oportunidade de trabalhar na quadra e na Sapucaí”. A aposta da vez será em uma dança mais clássica e tradicional.

A carga de treinos é de 4 ensaios por semana. Cíntia e Rodrigo, ainda destacam a importância dos treinos ao lado de Bonifácio, principalmente em relação ao condicionamento físico. “Ainda que exija muito do casal, o amor pela arte supera todos os obstáculos”.

Para o mestre-sala não existe nenhum segredo. Com relação à dieta ele procura se alimentar bastante e ainda brinca. “Prefiro comer uma feijoada, rabada, dobradinha… só ‘coisas leves’ (risos), meu foco é ter uma alimentação que me faça aguentar o pique do desfile”.

Para 2020 a dupla estará mais solta. “Devido a cobrança do público, resolvemos voltar com a dança mais solta que por sinal na nossa estreia em 2018 pela Porto da Pedra deu super certo. Foi um dos pontos altos, então esse ano resolvemos em conjunto repetir o estilo e almejamos o dobro do reconhecimento que já tivemos em 2018”.

“Através de uma parceria eu consegui uma sala com a Smart Fit para que o casal pudesse ter essa preparação para o desfile, contando também com o auxílio dos professores nos ajudaram a manter o foco físico do casal. Mudei todo meu traço coreográfico atendendo pedidos que o casal me fez e disso criei uma coreografia dentro do samba, mais totalmente técnica e tradicional. É claro que teremos surpresas no desfile, porém foquei na questão técnica do julgador,sempre pensando o que o julgador espera do casal”. Alinhando isso Bonifácio também afirma que o casal trabalhou tempo, espaço e cronologia. “Quando eu falo de tempo, digo de tempo de dança e a questão do tempo de imã história contada através da dança. Eu quis mostrar isso dentro da dança para o julgadores que em apenas uma passada de samba,  temos a oferecer uma história de um casal que também aporta no Rio de Janeiro para falar sobre essa questão das baianas, temos um envolvimento de fé, humano e buscamos a atrair os olhos dos jurados”.

A Porto da Pedra será a 4ª escola a desfilar na sexta (21) na Marquês de Sapucaí, com enredo “O que é que a Baiana tem? Do Bonfim à Sapucaí”, desenvolvido pela carnavalesca Annik Salmon.

Acadêmicos da Rocinha

O casal da borboleta encantada vai para seu segundo ano consecutivo defendendo as cores do pavilhão da zona sul. Com um time bem reforçado, sob responsabilidade da coreógrafa Fernanda Costa que promete repetir a dose de dança que conta com garra, força e muito talento.

A dupla tem buscado nesses últimos dias que antecede o desfile realizar ensaios intensivos até mesmo além dos horários que permitem, o mestre sala Vinícius explica que ambos buscam o melhor. “Agora realizamos ensaios praticamente todos os dias da semana, com 5 horas de duração, sempre buscando realizar um trabalho de fortalecimento e resistência seja em quadra, Sapucaí ou na academia”.

Buscando alcançar a nota máxima a coreógrafa Fernanda Costa que já teve passagem pela Unidos da Tijuca, Tijuquinha do Borel e com o 2º casal da Portela, diz que dentro dos ensaios os métodos de trabalho o desfile é a seleção de vídeos do desfile anterior para que assim possam comparar com cada nota e justificativa de jurados. “O trabalho que iremos realizar vai ser bem tradicional, com um pouco de coreografia voltado ao enredo afro sem descaracterizar a dança”.

Mesmo com toda chuva que o casal pegou em seu último desfile o sentimento de realizar um trabalho com êxito, não tem fim. “Estamos ensaiando mais o entrosamento e a velocidade porque se tiver chuva nesse ano iremos novamente conseguir driblar os obstáculos e acreditamos que não vai afetar em todo trabalho construído”, explica a porta-bandeira Viviane.

A escola da Zona Sul será a 2º a desfilar na sexta (21) com enredo “A guerreira negra que dominou dois mundos”, desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Paulo.

Santa Cruz

E nosso último casal entrevistado vem de lá da zona oeste do Rio de Janeiro, da agremiação verde e branca, Acadêmicos de Santa Cruz, que possuem um dos casais com mais experiência em defender pavilhão. Roberta e Mosquito que já possuem cinco anos de parceria.

Foto: Mundo do Carnaval

“O enredo é muito folclórico, ele vem contando a história de Barbalha, uma cidade no interior do Ceará e dentro do samba, pegamos uma outra vertente, que acaba fugindo pouco do que trabalhamos que é uma dança mais tradicional em vista dos últimos anos nossos”.

Ao contrário de outros, o casal da Santa Cruz segue um trabalho independente e ambos montam a coreografia e não possuem um coreógrafo, com o auxílio do mestre Jerônimo eles fazem ajustes e finalizam todo trabalho concluído para o desfile.

“Fomos agraciado nesses últimos dois anos com sambas espetaculares que ano passado no samba da Dona Ruth tínhamos um trabalho focado na emoção e conseguimos pegar esse viés do samba e trazer para nossa dança sem perder as nossas características tradicionais e para esse ano com samba 2020 é um samba muito alegre, então trouxemos para nosso trabalho algo diferente. Conseguimos transformar em dança aquilo que está sendo cantado dentro do samba enredo e conseguimos descrever em passos aquilo que samba pede”.

Roberta diz que sua preparação para carnaval de 2020 foi optar em correr, o que ajuda na resistência física. “Correr foi a melhor maneira que pude encontrar de não necessariamente precisar fixar isso na minha rotina e aí dentro de 3 dias da semana fico correndo pelo Maracanã”.

Como um dos pesos maiores é a roupa, nessa temporada de janeiro e fevereiro o casal tem ensaiado no famoso ensaio noturno na Marquês de Sapucaí, o que ajuda bastante na logística, afinal há uma grande diferença entre montar uma coreografia com fantasia e outra sem. Existe a questão do tempo, de velocidade e distância. Tudo pode mudar!

A Acadêmicos de Santa Cruz será a quarta escola de sábado de carnaval a desfilar com enredo “Santa Cruz de Barbalha – Um conto popular no Cariri Cearense”, desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues.

(Texto: Bruno Nascimento/Foto: Arquivo Pessoal/Capa: Reprodução)

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